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O Campeonato Brasileiro terminou na última semana, e agora começa o trabalho de renovação dos elencos, já que quase a totalidade dos jogadores estão encerrando seus contratos com os clubes, válidos por apenas uma temporada. Este é, naturalmente, um cenário fictício. Mas só no futebol masculino. No feminino, ainda é uma realidade para mais da metade dos times da primeira divisão, e quase 90% das jogadoras da elite nacional.

Se a briga por melhores pagamentos para as mulheres, o famoso Equal Pay, já ganhou notoriedade internacional, outras desigualdades invisíveis seguem asfixiando o desenvolvimento da modalidade. Entre elas, a falta de estabilidade contratual. Levantamento feito pelo ge com 15 dos 16 times da Série A do Brasileiro Feminino 2021, que começará no dia 28 de março, mostra que apenas 46 jogadoras de seis clubes têm contrato acima de um ano.

Considerando um elenco médio de 25 atletas por equipe, as jogadoras com vínculo profissional de no máximo uma temporada representariam 87,8% de toda a primeira divisão brasileira. O Flamengo/Marinha foi o único que não informou à reportagem quantas atletas do elenco têm compromisso superior a um ano.

– A maior parte da minha carreira foi contrato por temporada, quando chegava o final do ano sempre rolava aquela ansiedade por não saber o que seria do próximo, era tudo muito incerto. Hoje, tenho mais tranquilidade pra poder seguir minha carreira – afirma a lateral-direita Daiane da Ferroviária.

Campeã paulista, da Copa do Brasil, do Brasileiro e da Libertadores na década passada com o clube de Araraquara, a jogadora de 34 anos passou as últimas quatro temporadas no futebol português. Em 2020, retornou ao Brasil e assinou contrato por três anos com a Ferroviária, único clube da elite nacional que tem mais da metade do elenco com vínculos mais extensos.

– Em Portugal, os contratos longos são feitos pelos clubes maiores, clubes menores têm mais dificuldade nessa questão. O Sporting e o Braga já fazem isso faz tempo. O Benfica estreou em 2018, já fazendo contratos de no mínimo dois anos, como foi meu caso. Hoje o clube já faz contratos de cinco anos. No Brasil, acredito que falta mais organização e comprometimento dos clubes, para fazer com que a modalidade cresça mais e seja mais atrativa também – observa Daiane.

A Ferroviária se destaca entre os clubes da primeira divisão: 27 jogadoras do elenco atual têm vínculo superior a uma temporada, sendo 11 delas com três anos de compromisso. O Internacional vem em seguida, com nove jogadoras com contrato de dois anos. Uma delas é a zagueira Isa Haas, que aprova o projeto colorado.

Outros times que também fazem vínculos mais longos, embora com poucas jogadoras, são o Avaí/Kindermann (cinco atletas), São Paulo e Santos (duas em cada) e Grêmio (uma). Procurado através da assessoria do time feminino, o Flamengo, que forma sua equipe em parceria com a Marinha, disse apenas que há jogadoras no elenco com mais de um ano de contrato, sem revelar a quantidade.

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